ASSÉDIO EM UMA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO: O QUE UM COLETIVO FEMINISTA TEM A VER COM ISSO?

Magdalena Cortese Coelho, Bruno Luís de Oliveira Martins

Resumo


Este trabalho busca analisar a relação existente entre a formação de um Coletivo Feminista com a ocorrência de assédio em uma Escola de Administração, além da tarefa de dar voz às narrativas e visibilidade às violências sofridas. Refletimos sobre a formação deste Coletivo e discutimos a definição de assédio na teoria, na lei, em sua presença na academia, mas buscando compreender principalmente a ideia de assédio que parte do campo, através dos relatos colhidos. Com abordagem qualitativa baseada na teoria do ponto de vista feminista, os relatos nos revelam três processos que denominamos: a invisibilidade do lugar de fala de alunas, a ausência de relatos como silenciamentos que importam, e a submissão intelectual. Observamos que com o Coletivo construímos um espaço de confiança, acolhimento, escuta e empatia para alunas que viveram ou presenciaram situações de assédio, intuitivamente preenchendo um vácuo deixado pela IES e pelas agências de fomento, e até mesmo pela lei. Neste caso, confirmamos a relação de formação deste com a presença de assédio no ambiente, relação esta apontada por diversas autoras. Os processos também nos mostram que apesar da falta de resposta de resposta ao que ocorre, estas discriminações são debatidas e conhecidas por pesquisadores da área e apesar de silenciadas cotidianamente, não são novidades.


Palavras-chave


Feminismo; coletivo; assédio; universidade

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DOI: https://doi.org/10.21583/2447-4851.rbeo.2020.v7n3.339

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