A IDEIA DE ORGANIZAÇÃO CULTURAL NO DISCURSO DA POLÍTICA NACIONAL DE CULTURA VIVA: UMA ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO

Marina Coelho, Eloise Helena Livramento Dellagnelo, Monique Nascimento

Resumo


Objetivou-se, neste estudo, evidenciar a representação de organização cultural no discurso da Política Nacional de Cultura Viva, utilizando como teoria e método a Análise Crítica do Discurso de Norman Fairclough (2001, 2003). Constituíram o corpus da análise: a Lei que institui a Política Nacional de Cultura Viva e a Instrução Normativa que a regulamenta, além de discursos proferidos pelos dirigentes responsáveis pela Política à época de sua instituição e regulamentação. Não obstante à luta discursiva iniciada no contexto de concepção do então Programa, em 2004, a partir da análise do corpus selecionado concluiu-se que, o reconhecimento de grupos populares como fazedores de cultura e a valorização da diversidade e identidade da cultura que produzem, não encontra, transcorridos mais de 10 anos, correspondência no reconhecimento das práticas e na valorização das diferentes formas e identidades organizacionais de seus fazedores.


Palavras-chave


Organizações culturais. Análise Crítica do Discurso. Política Nacional de Cultura Viva. Fazedores de Cultura. Organizações contra hegemônicas.

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DOI: https://doi.org/10.21583/2447-4851.rbeo.2021.v8n1.344

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