FINANCIAMENTO DO CAPITAL FIXO (1970-2012): DISSOLVENDO O PARADOXO APARENTE ENTRE FINANCEIRIZAÇÃO E AUTOFINANCIAMENTO EM CONTEXTO DE QUEDA DA TAXA DE LUCRO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21583/2447-4851.rbeo.2021.v8n1.394

Palavras-chave:

Padrão de financiamento, Capital fixo, Taxa média de lucro.

Resumo

O objetivo do presente artigo é apresentar a tendência principal no padrão de financiamento dos investimentos em capital fixo entre 1970 e 2012 considerando as economias alemã, estadunidense e japonesa tendo em mira a comparação com a economia brasileira. Os dados sugerem que, embora não haja convergência da composição do financiamento dos investimentos, a tendência geral é de prevalência do autofinanciamento. O padrão observado para o período, contudo, apresenta um movimento de queda na taxa de lucros acompanhada desse autofinanciamento, diferentemente do período clássico do capitalismo e também do período do pós-guerra até a década de 1970. Procura-se dissolver o aparente paradoxo entre financeirização como financiamento externo e manutenção do autofinanciamento mesmo num contexto de queda da taxa média de lucro. Sugere-se que a estrutura de capital, composta de ampliação dos ativos financeiros e manutenção do autofinanciamento, surge como resposta do capital à queda tendencial da taxa de lucro em que os ganhos financeiros de curto prazo amortecem os efeitos sobre autofinanciamento produtivo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Leandro Theodoro Guedes, Universidade Federal de Viçosa

Doutorando em Administração pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Viçosa

Elcemir Paço Cunha, Universidade Federal de Juiz de Fora

Doutor pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professor Associado da Universidade Federal de Juiz de Fora

Referências

ALBUQUERQUE, E. M. A foice e o robô: as inovações tecnológicas e a luta operária. São Paulo: Página 7 Artes Gráficas Ltda, 1990.

BARNEY, J. B; HESTERLY, W. Organizational economics: Understanding the relationship between organizations and economic analysis. In: CLEGG, Stewart R; HARDY, C; NORD, Walter R. (Org.). The SAGE handbook of organization studies. London: SAGE, 2006, p. 111-148.

BASTOS, Douglas Dias; NAKAMURA, Wilson Toshiro. Determinantes da estrutura de capital das companhias abertas no Brasil, México e Chile no período 2001-2006. Rev. contab. finanç., São Paulo , v. 20, n. 50, p. 75-94, Aug. 2009

BRENNER, R. O boom e a bolha: os Estados Unidos na economia mundial. São Paulo: Record, 2003.

BRENNER, R. The economics of global turbulence: the advanced capitalist economies from long boom to long downturn, 1945-2005. Verso, 2006.

CAMARA, Guilherme D; MISOCZKY, Maria C. A. A Produção Teórica sobre a Pobreza na Administração. Administração Pública e Gestão Social, p. 45-56, 2019.

CEMEC. Financiamentos dos investimentos no Brasil - Análise preliminar para relatório trimestral. Trabalho de Discussão Interna - TDI CEMEC No. 8. IBMEC, set., 2011. Disponível em: <http://codemec.org.br/instituto/wp-content/uploads/2014/09/TDI-CEMEC-08-FINANCIAMENTO-DOS-INVESTIMENTOS-NO-BRASIL-AN%C3%81LISE-PRELIMINAR-PARA-RELAT%C3%93RIO-TRIMESTRAL.pdf >. Acesso em 18 de mar. de 2018.

CEMEC. Relatório trimestral de financiamento dos investimentos no Brasil. Nota CEMEC no. 5. IBMEC, jun., 2017. Disponível em: http://codemec.org.br/instituto/wp-content/uploads/2014/10/NOTA-CEMEC-05-2017-PADRAO-DE-FINANCIAMENTO-DOS-INVESTIMENTOS.pdf. Acesso em 20 de abr. de 2018.

CHASIN, José. Marx – Estatuto Ontológico e Resolução Metodológica. São Paulo; Boitempo. 2009

CHESNAIS, F. Finance capital today: corporations and banks in the lasting global slump. Brill, 2016.

CORBETT, J.; JENKINSON, T. How is Investment Financed? A Study of Germany, Japan, the United Kingdom and The United States. Manchester: The Manchester School Supplement 0025/2034. 1997. p. 69-93.

CORREA, Carlos Alberto; BASSO, Leonardo Fernando Cruz; NAKAMURA, Wilson Toshiro. A estrutura de capital das maiores empresas brasileiras: análise empírica das teorias de Pecking Order e trade-off, usando panel data. RAM, Rev. Adm. Mackenzie, São Paulo , v. 14, n. 4, p. 106-133, Aug. 2013.

DETZER, D.; DODIG, N.; EVANS, T; HEIN, E.; HERR, H. The German financial system and the financial and economic crisis. Studies in Financial Systems No. 3, Financialisation, Economy, Society & Sustainable Development (FESSUD) Project. 2013. Disponível em: <http://fessud.eu/wp-content/uploads/PDF/German%20Financial%20System%20-%20Final%2015.05.2013.pdf>. Acesso em: 30 abr. 2018.

DOBB, M. Economia Política e Capitalismo. Rio de Janeiro: Edições Graal. 1978.

DUMÉNIL, G; LÉVY, D. A crise do neoliberalismo. São Paulo: Boitempo, 2014.

DURAND, C.; GUEUDER, M. The investment-profit nexus in an era of financialisation and globalisation. a profit-centred perspective. Post Keynesian Economics Study Group. Working Paper 1614, jul., 2016. Disponível em <http://www.postkeynesian.net/downloads/working-papers/PKWP1614.pdf>. Acesso em 15 de mar. de 2018.

ETZIONI, A. Análise comparativa de organizações complexas. Rio de Janeiro: Zahar; São Paulo: Editora da USP, 1974.

FARIA, J. H. Economia política do poder em estudos organizacionais. Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 65-112, jun. 2014.

FARIA, J. H. de. Epistemologia Crítica do Concreto e Momentos da Pesquisa: uma proposição para os Estudos Organizacionais. RAM. Revista de Administração Mackenzie (Online), v. 16, p. 1-36, 2015.

FERRAZ, J. de M.; FERRAZ, D. L. da S. O materialismo histórico e dialético: porque ser contra-hegemônico não é necessariamente ser contra o capital. In: PAÇO CUNHA, E; FERRAZ, Deise L. da S. (Org.). Crítica Marxista da Administração. 1ed.Rio de Janeiro: Rizoma, 2018.

FERRAZ, D. L. S.; CHAVES, R. H; FERRAZ, J.M. Para além da epistemologia: reflexões necessárias para o desenvolvimento do conhecimento. READ. Revista Eletrônica de Administração (Porto Alegre. Online), v. 24, p. 1-30, 2018.

FLORES, R. K; MISOCZKY, M. C. Dos Antagonismos na apropriação capitalista da água à sua concepção como bem comum. Organizações & Sociedade (Online), v. 22, p. 237-250, 2015.

FRANK, A. G. Dependent accumulation and underdevelopment. London: MacMillan Press, 1978.

FREEMAN, A. What Makes US Profit Rate Fall?. MPRA Paper No. 14147, Munich, 2009. Disponível em: <https://mpra.ub.uni-muenchen.de/14147/>. Acesso em 15 de mar. de 2018.

HILFERDING, R. O capital financeiro. São Paulo: Abril Cultural, 1985.

KLIMAN, A. The Failure of Capitalist Production: underlying causes of the great recession. Pluto Press, 2011.

JORGE, T. M.; ALMEIDA, V. C; CASTRO, V. S. Novos gestores orientados para as finanças ou velhos gestores orientados para o lucro?. In: Congresso Brasileiro de Estudos Organizacionais, 2018, Curitiba. V Congresso Brasileiro de Estudos Organizacionais, 2018.

JUSTEN, A.; GURGEL. C. R. M.; FERRAZ, D. L. S.; & PAÇO-CUNHA, E. Administração política: por uma agenda de pesquisa marxista. Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, 4(10), 663-759, 2017.

LENIN, V.I. Imperialismo: estágio superior do capitalismo. São Paulo: Expressão Popular, 2012.

KEYNES, J. M. The process of capital formation. In: The Collected Writings of John Maynard Keynes. Vol. XIV, The General Theory and After, Part II Defence and Development, 1973.

MAITO, E. The Historical Transience of Capital: the downward trend in the rate of profit since XIX Century. MPRA Paper No. 55894, Munich, 2014a. Disponível em <https://mpra.ub.uni-muenchen.de/55894/>. Acesso em 15 de mar. de 2018.

MAITO, E. Rise and Standstill of Japan (1955-2008): a Marxist explanation. MPRA Paper No. 53102, Munich, 2014b. Disponível em <https://mpra.ub.uni-muenchen.de/53102/>. Acesso 15 de mar. de 2018.

MANDEL, E. Capitalismo tardio. São Paulo: Abril Cultural, 1982.

MANDEL, E. Marxist economic theory. v. 2. New York: Monthly Review Press, 1968.

MARENS, R. It's not just for communists any more: Marxian political economy and organizational theory. In: ADLER, P. The Oxford handbook of sociology and organization studies. Oxford University Press, 2009.

MARQUETTI, A.; MALDONADO FILHO, E.; LAUERT, V. The Profit Rate in Brazil, 1953-2003. The Review of Radical Political Economics, v. 42, p. 485-504, 2010.

MARX, K. O Capital. Livro III. São Paulo: Boitempo, 2017.

MARX, K. Grundrisse. São Paulo: Boitempo, 2011.

MARX, K. O Capital. Livro I. são Paulo: Boitempo, 2013.

MINELLA, A. C. Banqueiros: organização e poder no Brasil. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo/Anpocs, 1988.

MINSKY, H. P. Stabilizing an unstable economy. New York: McGraw Hill, 2008.

MYERS, S. The capital structure puzzle. The Journal of Finance, v. 39, n. 3, p. 575-592, July 1984

ORHANGAZI, O. Financialisation and capital accumulation in the non-financial corporate sector: a theoretical and empirical investigation on the US economy: 1973–2003. Cambridge Journal of Economics, n. 32, 2008, p. 863–886.

PAÇO-CUNHA, E. Chasin e Mészáros: a propósito da assim chamada crise estrutural. Anuário Lukács, v. 2018, p. 155-185, 2018.

PAÇO-CUNHA, E. Engels, marxólogo: dialética e política. Verinotio (Belo Horizonte), v. 20, p. 151-162, 2015.

PAÇO CUNHA, E.; FERRAZ, Deise Luiza da Silva. Marxismo, Estudos Organizacionais e a luta contra o irracionalismo. Organizações & Sociedade, Salvador, v. 22, n. 73, p. 193-198, June 2015.

PAÇO-CUNHA, E; JORGE, T. M. Personificações do Capital e Longa Depressão nos Estados Unidos: Contribuições de Robert Brenner para o Estudo dos Gestores do Capital no Contexto de Crise. In: Enanpad, 2018, Curitiba. Enanpad, 2018.

GUEDES, L. T.; PAÇO-CUNHA, E. A função das finanças no avanço técnico brasileiro (2005-2014). In: Seminário Crítica da Economia Política e do Direito, 2018, Belo Horizonte. Anais do I Seminário Crítica da Economia Política e do Direito, 2018.

POLLIN, R.; HEINTZ, J. Study of US financial system. Financialisation, Economy, Society & Sustainable Development (FESSUD) Project, 2013. Disponível em: <http://fessud.eu/wp-content/uploads/2012/08/USA-Financial-Systems-Studies10.pdf>. Acesso em 15 de mar. de 2018.

ROBERTS, M. The long depression. Chicago: Haymarket Books, 2016.

ROBINSON, J. The accumulation of capital. 3ª ed. London: Macmillan, 1969.

RODRIGUES JUNIOR, W; MELO, G. M. Padrão de financiamento das empresas privadas no Brasil. Rio de Janeiro: IPEA Documento de Trabalho 653, 1999. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/TDs/td_0653.pdf>. Acesso em 18 de mar. de 2018.

SANTOS, R. S. A integração do plano analítico: os estudos no campo da administração política. Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade. V 4. N 10. Belo Horizonte. 2017

SANTOS, Reginaldo Souza et al. Administração política e políticas públicas: em busca de uma nova abordagem teórico-metodológica para a (re)interpretação das relações sociais de produção, circulação e distribuição. Cadernos EBAPE.BR, Rio de Janeiro, p. 939-959, dez. 2017.

SCHUMPETER, J. A. Teoria do desenvolvimento econômico. São Paulo: Abril Cultural, 1982.

SHABANI, M.; TOPOROWSKI, J. Financialisation and the financial and economic crises: the case of Japan. Studies in Financial Systems No. 28. Financialisation, Economy, Society & Sustainable Development (FESSUD) Project. 2015. Disponível em: <http://fessud.eu/wp-content/uploads/2012/08/FESSUD_studies-in-financial-systems_Japan_final_study-28.pdf>. Acesso em: 30 abr. 2018.

SOARES, F. P. Os debates sobre a Educação Financeira em um contexto de financeirização da vida doméstica, desigualdade e exclusão financeira. (Tese de doutorado). PUC-Rio, 2017.

TRADING ECONOMICS. United States Capacity Utilization. 2018a Disponível em: <https://tradingeconomics.com/united-states/capacity-utilization>. Acesso em: 27 abr. 2018.

TRADING ECONOMICS. Japan Capacity Utilization. 2018b. Disponível em: <https://tradingeconomics.com/japan/capacity-utilization>. Acesso em: 27 abr. 2018.

TRADING ECONOMICS. Germany Capacity Utilization. 2018c. Disponível em: <https://tradingeconomics.com/germany/capacity-utilization>. Acesso em: 27 abr. 2018.

TRADING ECONOMICS. Brazil Capacity Utilization. 2018d. Disponível em: <https://tradingeconomics.com/brazil/capacity-utilization>. Acesso em: 27 abr. 2018.

TÜRK, Klaus. The critique of the political economy of organization. International Journal of Political Economy, v. 29, n. 3, 1999, p. 6-32. Doi: https://doi.org/10.1080/08911916.1999.11643993

VEBLEN, T. Teoria da empresa industrial. Porto Alegre: Globo, 1966.

VIDAL, M. Work and Exploitation in Capitalism: The Labor Process and the Valorization Process. In: Vidal, M., Smith, T., Rotta, T., & Prew, P. (Ed.). The Oxford Handbook of Karl Marx: Oxford University Press. Retrieved 27 Jan. 2019

VIDAL, M.; ADLER, P.; DELBRIDGE, R. When Organization Studies Turns to Societal Problems: The Contribution of Marxist Grand Theory. Organization Studies, v. 36, n. 4, p. 405-422, Apr 2015. ISSN 0170-8406.

WORLD BANK. Gross fixed capital formation (constant 2010 US$). 2018a. Disponível em: <https://databank.worldbank.org/data/reports.aspx?source=2&series=NE.GDI.FTOT.KD&country=>. Acesso em 20 abr. de 2018.

WORLD BANK. Gross fixed capital formation, private sector (% of GDP). 2018b. Disponível em: <http://databank.worldbank.org/data/reports.aspx?source=2&series=NE.GDI.FPRV.ZS&country=>. Acesso em 20 abr. 2018.

Downloads

Publicado

2021-04-29

Como Citar

GUEDES, Leandro Theodoro; PAÇO CUNHA, Elcemir. FINANCIAMENTO DO CAPITAL FIXO (1970-2012): DISSOLVENDO O PARADOXO APARENTE ENTRE FINANCEIRIZAÇÃO E AUTOFINANCIAMENTO EM CONTEXTO DE QUEDA DA TAXA DE LUCRO. Revista Brasileira de Estudos Organizacionais, Curitiba, v. 8, n. 1, p. 16–54, 2021. DOI: 10.21583/2447-4851.rbeo.2021.v8n1.394. Disponível em: https://rbeo.emnuvens.com.br/rbeo/article/view/394. Acesso em: 2 set. 2025.

Edição

Seção

Chamada de Trabalhos: Organizações na dinâmica capitalista na América Latina contemporânea