“CORTINA DE FUMAÇA” OU MISOGINIA? DESVELANDO A RELAÇÃO INTRÍNSECA ENTRE AVANÇO DO CONSERVADORISMO MORAL E DA AUSTERIDADE ECONÔMICA NO BRASIL

Fernanda Mitsue Soares Onuma, Aline Lourenço de Oliveira

Resumo


Mesmo diante do retrocesso de direitos de mulheres e população LGBTQIA+, militantes e pesquisadoras têm sido acusadas no Brasil de se ocuparem de "cortinas de fumaça", em detrimento do “ponto principal” que seria o avanço da pauta econômica neoliberal. Em contraponto, apresentamos que as ofensivas neoconservadoras são constituídas da fagulha (e não da fumaça) que gerou as chamas que consomem nossa economia. Utilizando o conceito de reprodução social, articulado a contribuições de Friedrich Engels (1976 [1884]) e de Ruy Mauro Marini (2008 [1973]), explicamos como nosso capitalismo dependente se origina do fato da divisão internacional do trabalho nos ter relegado papel fundamental na reprodução social das classes trabalhadoras das nações do capitalismo central. A partir daí, explicamos a relação intrínseca entre conservadorismo moral e austeridade econômica (que formam o neoconservadorismo), colaborando para aclarar visões deturpadas pela verdadeira cortina de fumaça: a misoginia do mainstream acadêmico. 


Palavras-chave


Reprodução social; Patriarcado; Estado; Capitalismo Dependente; Neoliberalismo.

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