ANÁLISE DISCURSIVA E SOCIO-HISTÓRICA DE CONCEITOS PARA ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: O MÉTODO DO QUEBRA-CABEÇAS CONCEITUAL INFINITO

Alexandre Hochmann Béhar, Marcos Gilson Gomes Feitosa

Resumo


A elaboração de conceitos em Administração também se apresenta permeada por críticas como a naturalização de ideias, desconsiderando o contexto socio-histórico original. A partir de um viés crítico-reflexivo, tal anacronismo não se daria ao acaso, mas permeado por formas de pensar a realidade (ou ideologias) direcionadas ao exercício do poder, por meio do controle e manipulação de indivíduos e grupos sociais. Partindo do pressuposto de que tais ideologias apresentam no discurso sua melhor representação, o Quebra-cabeças Conceitual Infinito pretende descortinar o caráter ideológico das construções discursivas associadas a um conceito e, assim, possibilitar reflexões sobre seus sentidos. Tendo como premissas o caráter socio-histórico da elaboração discursiva e (portanto) conceitual, além da influência de ideologias na construção de sentidos, voltadas ao controle de indivíduos e grupos, o método se sustenta em uma análise multidiscursiva e léxica de conceito em determinado contexto socio-histórico, voltado para promoção de emancipação.


Palavras-chave


Pesquisa histórica; Ideologia; Discurso; Quebra-Cabeças Conceitual Infinito; Conceitos em Administração.

Texto completo:

PDF

Referências


BARRETO, T. F. Ética ou ideologia empresarial? In: ROCHA, H.; CASTRO, R.; VIZEU, A. (Org.). Comunicação e ideologia. Recife: Ed. UFPE, 2014. p. 285-312.

BÉHAR, A. H. Meritocracia enquanto ferramenta da ideologia gerencialista na captura da subjetividade e individualização das relações de trabalho: uma reflexão crítica. Organizações & Sociedade, v. 26, n. 89, p. 249-268, 2019.

BÉHAR, A. H.; FEITOSA, M.G.G. Competição enquanto representação ideológica no ambiente ferroviário estadunidense: uma historiografia entre 1859 e 1869. Cad. EBAPE.BR, v. 18, Edição Especial, Rio de Janeiro, Nov. 2020.

CHANDLER, A. Strategy and structure: chapters in the history of the industrial enterprise. Cambridge, MA: The MIT Press, 1963.

_________________. The visible hand: the managerial revolution in American business. Cambridge, MA/London: The Belknap Press, 1999.

COSTA, Alessandra de S. M.; BARROS, Denise F.; MARTINS, Paulo E. M.; Perspectiva histórica em Administração: novos objetos, novos problemas, novas abordagens. RAE, v.50, nº 3, jul/set. 2010.

CRESWELL, John W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.

CURADO, I. Pesquisa historiográfica em administração: uma proposta mercadológica. Encontro Nacional da Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em Administração, 25, 2001, Campinas. Anais. Campinas: ANPAD, 2001.

DENZIN, Norman K.; LINCOLN, Yvonna. A disciplina e a prática da pesquisa qualitativa. In: DENZIN, N. K.; LINCOLN, Y. O planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. Porto Alegre: Artmed, 2006.

EAGLETON, T. Ideologia. São Paulo: UNEPS/BOITEMPO, 1997.

FOUCAULT, M. As palavras e as coisas. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

____________. Arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forenses, 2008.

____________. A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. São Paulo: Edições Loyola, 2012.

GODOY, Arilda S. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. RAE – Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 35, n. 2, p. 57-63, mar/abr., 1995.

HABERMAS, J. Técnica e ciência enquanto “ideologia”. In: Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1983.

HORKHEIMER, M. ADORNO, T. A indústria cultural: o iluminismo como mistificação das massas. In: LIMA, L.C. (org). Teoria da cultura de massa. São Paulo: Paz e Terra, 2000.

JACQUES, R. S. History, historiography and organization studies: the challenge and the potential. Management & Organizational History, v. 1, n. 1, p. 31-49, 2006.

JASMIN, Marcelo G. História dos Conceitos e teoria política e social: referências preliminares. RBCS. vol.20, nº 57, p.27-38, fevereiro/2005.

KOSELLECK, R. Linguistic change and the history of events. The Journal of Modern

History. vol.61, nº4, p.649-666, dec.1989.

_____________. Uma História dos Conceitos: problema teóricos e práticos. Estudos Históricos. vol.5, n.10, p.134-146, 1992.

______________. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto: Ed. PUC-Rio, 2006.

LE GOFF, J. A história nova. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

MATITZ, Q. R. S.; VIZEU, F. Construção e uso de conceitos em estudos organizacionais: por uma perspectiva social e histórica. Rev. Adm. Pública, v. 46, n. 2, p. 577-598, mar/abr. 2012. Disponível em: .

MOURA, Guilherme. Hipergeneralizações: organizações são quase qualquer coisa em best-sellers de introdução à Administração. Cadernos EBAPE.BR. Rio de Janeiro, v.12, nº1, artigo 4, jan/mar 2014.

PERROW, C. Organizing America: wealth, power, and the origins of corporate capitalism. Princeton, NJ: Princeton University Press, 2002.

PIERANTI, Octavio P. A metodologia historiográfica na pesquisa em administração: uma discussão acerca de princípios e de sua aplicabilidade no Brasil contemporâneo. Cadernos EBAPE, v.6, nº1, março 2008.

PIRES, Álvaro P. Sobre algumas questões epistemológicas de uma metodologia geral para as ciências sociais. In: POUPART, Jean et al. A pesquisa qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos. Petrópolis: Vozes, 2010.

RAMOS, Guerreiro. A nova ciência das organizações. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1989.

REIS, J. C. Escola dos Annales – a inovação em história. São Paulo: Paz e Terra, 2000.

________. História & teoria: historicismo, modernidade, temporalidade e verdade. Rio de Janeiro: FGV, 2007.

SEIFERT, R. E.; VIZEU, F. Crescimento organizacional: uma ideologia gerencial? RAC, v. 19, n. 1, pp. 127-141, Rio de Janeiro, Jan./Fev, 2015.

SILVA, Renata. Linguagem e ideologia: embates teóricos. Linguagem em (Dis)curso – LemD, v.9, n.1, p.157-180, jan/abr, 2009.

THOMPSON, J. Ideologia e cultura moderna. Petrópolis: Vozes, 2009.

TRAGTENBERG, M. Burocracia e Ideologia. São Paulo: Editora Ática, 1992.

___________. Administração, poder e ideologia. São Paulo: Editora UNESP, 2005.

TUCHMAN, G. Historical social science: methodologies, methods, and meanings. In: DENZIN, N. K; LINCOLN, Y. S. (Eds) Handbook of Qualitative Research. London: Sage, 1994.

ÜSDIKEN, B; KIESER, A. Introduction: history in organization studies. Business History, v. 46, n. 3, p. 321-330, July 2004.

VAN DIJK, T. A. La noticia como discurso: compreensión, estrutura y producción de la información. Madri: Síntesis, 1990.

________. Ideologia: uma aproximación multidisciplinaria. Barcelona: Gedisa, 2006.

________. Discurso e poder. São Paulo: Contexto, 2012.

________. Ideologia. Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 50, n. esp. (supl.), s53-s61, dez. 2015.

VIZEU, F. Potencialidades da Análise Histórica nos Estudos Organizacionais Brasileiros. Revista de Administração de Empresas, vol.50, n.1, jan/mar., pp.37-47, 2010.

_________; MATITZ, Q. R. S. Contribuições da História dos Conceitos (Begriffsgeschichte) para os Estudos Organizacionais. Revista Brasileira de Estudos Organizacionais. v.1, n.2, p. 165-186, dez/2014.

WHITE, R. Railroaded: the transcontinentals and the making of modern America. New York: W. W. Norton, 2012.

WOLMAR, C. The great railway revolution. London: Atlantic Books, 2012a.

WOLMAR, C. Engines of war: how wars were won & lost on the railways. London: Atlantic, 2012b.




DOI: https://doi.org/10.21583/2447-4851.rbeo.2024.v11n3.584

Apontamentos

  • Não há apontamentos.




 

 

 

DOI 10.21583 

eISSN: 2447-4851

Desenvolvido por:

Logomarca da Lepidus Tecnologia