ORGANIZAÇÕES ALTERNATIVAS: REFLEXÕES SOBRE A PESQUISA NACIONAL E POSSIBILIDADES DE ESTUDOS FUTUROS

Laira Goncalves Adversi, Rene Eugenio Seifert

Resumo


Este estudo teórico tem o objetivo de compreender e refletir acerca das características das organizações alternativas, tal como apontadas pelas publicações brasileiras, com intuito de indicar possibilidades de estudos futuros para a área. Entre as perspectivas de investigações futuras, primeiro, salientamos que ao tratar da burocracia como base de comparação entre organizações convencionais e alternativas, faz-se necessário lembrar que ela pode ser concebida, no mínimo, de duas formas: i) dominação técnica (categoria histórica) e ii) tipo ideal de estrutura. Segundo, indicamos a possibilidade de tratar a técnica burocrática e lógica capitalista em categorias distintas uma da outra. Terceiro, sugerimos que a busca por autonomia frente ao modo capitalista pode não contemplar a liberdade diante de outras formas de dominação. Quarto, comentamos que a afetividade, geralmente atribuída às organizações alternativas, pode ser confundida com a “captura dos afetos” presente em organizações convencionais para manipulação do simbólico e do imaginário. Quinto, problematizamos a tomada de decisão por meio de consenso em organizações alternativas. Por último, indicamos a lembrança de que a economia solidária, um tipo de organização alternativa, tem no mínimo duas vertentes de entendimento.


Palavras-chave


Organizações alternativas; Organizações convencionais; Características organizacionais.

Texto completo:

PDF

Referências


ADVERSI, Laira G. Organizações não convencionais: um estudo comparativo de casos. Dissertação (mestrado). Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, p. 173. 2018.

ANDION, Carolina. A Gestão no Campo da Economia Solidária: Particularidades e Desafios. Revista de Administração Contemporânea, v. 9, n. 1, p. 79-101, 2005.

BARCELLOS, Rebeca M.R; DELLAGNELO, Eloise Helena L. Novas formas organizacionais: do dominante às ausências. Revista Pensamento Contemporâneo em Administração, v. 7, n. 1, p. 1-16, 2013.

BARCELLOS, Rebeca M.R; DELLAGNELO, Eloísa Helena L; SALLES, Helena K. Práticas organizacionais e o estabelecimento de lógicas de equivalência: o circuito fora do eixo à luz da teoria política do discurso. Revista de Administração, v.49, n.4, p.684-697, 2014.

______________.Reposicionando conceitos: a organização fora dos eixos. Revista de Administração de Empresas, v. 51, n. 1, p. 10-21, 2017.

BOTELHO, Louise. L. R.; CUNHA, Cristiano J. C. A.; MACEDO, Marcelo. O método da revisão integrativa nos estudos organizacionais. Revista Eletrônica Gestão e Sociedade, v. 5, n. 11, p. 121-136, 2011.

BOEHS, Carlos Gabriel; SEIFERT, Rene E. Para além da racionalidade: outras dimensões da ação entre organizações familiares de produção agrícola: uma discussão a partir da realidade de famílias de agricultores no sul de Santa Catarina. Revista de Economia e Sociologia Rural, v. 58, n. 3, 2020.

CANDEIAS, Cezar. Economia solidária, desenvolvimento local e capital social: a construção de círculos virtuosos. Economia solidária e autogestão: ponderações teóricas e achados empíricos. CANDEIAS, Cezar N B; MACDONALD, José B; MELO NETO, José F (orgs.), Maceió, Ed.Ufal, Brasil, 2005.

CASAGRANDE, Lucas; CÂMARA, Guilherme D. Liberdade e convivialidade como práticas contra hegemônicas nas zonas autônomas. Revista Pensamento Contemporâneo em Administração. v. 5, n. 3, 115-128, 2011.

CHIESA, Carolina D; CAVEDON, Neusa R. Elementos Anarquistas no Cotidiano de Uma Organização Contemporânea: o Caso da Casa da Cultura Digital de Porto Alegre. Revista Gestão.Org, v. 13, n. 1, 2015. p 11-23

COELHO, Kellen S; DELLAGNELO; Eloise H.L; KANITZ, Amarildo F. As práticas organizativas do distrito de ratones na resistência à proposta de plano diretor “participativo” feita pela prefeitura de Florianópolis, à luz da teoria política do discurso. Organizações & Sociedade, v.19, n.61, p. 333-355, 2014.

CORAGGIO, José L Questões debatidas. In: KRAYCHETE, Gabriel.; LARA, Francisco; COSTA, Beatriz. Economia dos setores populares: entre a realidade e a utopia. Petrópolis: Vozes, p.133-141, 2000.

COSTA, Pedro A.; CARRION; Rosinha M. Situando a economia solidária no campo dos estudos organizacionais. Otra economia, v.3, n.1, p. 6-20, 2009.

COSTA, Pedro A.; SEIFERT, Rene E.; MEIRA, Fabio B.; HOCAYEN-DA-SILVA, Antonio J. Provocações epistemológicas, teóricas e metodológicas a partir de experiências empíricas de organizações alternativas e contra hegemônicas. Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, v.5, n. 13, p. 77-495, 2018.

DRUCKER. Peter. The practice of Management. HarperCollins, 2010.

ETZIONI, Amitai. Organizações Complexas: um estudo das organizações em face dos problemas sociais. São Paulo Atlas, 1973.

FARIA, José H. Autogestão, Economia Solidária e Organização Coletivista de Produção Associada: Em Direção ao Rigor Conceitual. Cadernos EBAPE.BR, v. 15, n. 3, p. 629-650, 2017.

FARIA, José H. de; MENEGHETTI, Francis K. A instituição da violência nas relações de trabalho. In: FARIA, J. H. de (coord). Análise Crítica das Teorias e Práticas Organizacionais. São Paulo: Editora Atlas, p. 278-299, 2007.

FARIA, José. H. de; MENEGHETTI, Francis K. Burocracia como organização, poder e controle. Revista de Administração de Empresas, v.51, n.5, 2011.

FRANÇA, G. Teoria e prática em economia solidária: Problemática, desafios e vocação. Civitas, v.7, n.1, 155-174. 2007.

FRANÇA F.; LAVILLE J. A economia solidária: uma abordagem internacional. Porto Alegre: Editora UFRGS, 2004.

GAIGER, Luiz I. Questões debatidas. Questões debatidas. In: KRAYCHETE, Gabriel.; LARA, Francisco; COSTA, Beatriz. Economia dos setores populares: entre a realidade e a utopia. Petrópolis: Vozes, p.133-141, 2000.

GAULEJAC, V. Gestão como doença social: Ideologia, poder gerencialista e fragmentação social. Tradução: Ivo Storniolo. São Paulo: Idéias & letras, 2007.

HERNANDES, Cláudio A. A Organização do Trabalho Artesanal e a Questão do Não-Crescimento (Tese). Programa de mestrado e doutorado em administração, Universidade Positivo, 2016.

MANCE, Euclides A. A revolução das redes: a colaboração solidária como uma alternativa pós-capitalista à globalização atual. Petrópolis: Vozes, 1999.

MEIRA, Fábio B. Organização Liminar: A Emergência De Organizações No Capitalismo Hardcore – Notas Sobre O Movimento Ocupar. Revista Pensamento & Realidade. v. 28 n. 2, 2013.

_________. Entre Modelos e Figuras: O Problema da Transição nas Empresas Assumidas por Trabalhadores. Revista Eletrônica de Gestão Organizacional. v. 9. n. 2, p. 301 - 326, 2011.

MENEGHETTI, Francis K. Organizações Totalitárias: Modus Operandi e Fundamento. Revista de Administração Contemporânea. v. 22, n. 6, pp. 841-858, 2018.

MISOCZKY, Maria C. Das práticas não-gerenciais de organizar à organização para a práxis da libertação. In MISOCZKY, Maria C: FLORES, Rafael K., MORAES, Joysi (org). Organização e práxis libertadora. Porto Alegre: Dacasa Editora. 2010.

MINDLIN, Sergio. Dependência interorganizacional e estrutura intra-organizacional: um exame da pesquisa do grupo Aston. RAE-Revista de Administração de Empresas, v. 16, n. 1, 1976.

MISOCZKY, Maria C; FLORES, Rafael K ; BÖHM, Steffen. A práxis da resistência e a hegemonia da organização. Revista Organizações & Sociedade, v.15 - n.45, 2008.

MORAES, Joysi. Self-management as a tool to organize counter-hegemony. Revista Organizações & Sociedade, v.17, n.55, p. 585-604, 2010.

MOTTA, Fernando. Maurício Tragtenberg: Desvendando Ideologias. Revista de Administração de Empresa. v. 41, n. 3, 2001.

OLIVEIRA, Josiane S; CAVEDON, Neusa. As tramas políticas emocionais na gênese de processos organizativos em uma organização circense. Organizações & Sociedade, v. 22, n. 72, p. 61-78, 2015.

PAES DE PAULA, Ana Paula. Tragtenberg revisitado: as inexoráveis harmonias administrativas e as burocracias flexíveis. Revista de Administração Pública, v. 36, n. 1, 2002

PAES DE PAULA, Ana Paula; TOLEDO, Daniel; CALBINO, Dimitri; TARABAL, Fernanda; MASCARENHAS, Leonardo; BARRETO, Raquel. A Economia Solidária e a Questão do Imaginário: Em Busca De Novas Perspectivas. Organizações & Sociedade, v.18, n.57, p. 323-333, 2011.

PARKER, Simon; PARKER, Martin. Antagonism, accommodation and agonism in Critical Management Studies: Alternative organizations as allies. Human Relations, v. 70, n.11, p.1366-1387, 2017.

RAMOS, Alberto G. A nova ciência das organizações. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1989.

RAZETO, Luis. Economia de solidariedade e organização popular. In: GADOTTI, Moacir; GUTIERREZ, Francisco. (Org.). Educação comunitária e economia popular. São Paulo: Cortez, p. 34-58, 1999.

ROTSCHILD-WHITT, Joyce. The Collectivist Organization: An Alternative to Rational Bureaucratic Models. Revista Americana de Sociologia. v. 44, n. 4, p. 509-527, 1979.

SERVA, Maurício. O fenômeno das organizações substantivas. Revista de Administração de Empresa. v. 33, n.2, p. 36-43, 1993.

SINGER, Peter. Introdução a economia solidária. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2002.

TURETA, César; ARAÚJO, Bruno F. V. B. Escolas de samba: Trajetória, contradições e contribuições para os estudos organizacionais. Organizações & Sociedade, v. 20, n. 64, p. 111-129, 2013.

VIEIRA, Marcelo.M.F; DARBILLY, Leonardo.V.C; BARROS, Denise F. O fenômeno da empresarização e a busca por alternativas na produção, comercialização e distribuição da música no Brasil como formas de resistência. Organizações & Sociedade, v.19, n.61, p. 333-355, 2012.

VIZEU, Fabio; SEIFERT, Rene E; HOCAYEN-DA-SILVA, Antônio J. Non-capitalist organizations in Latin America: lessons from the Brazilian Faxinal grassroot community. Cadernos EBAPE. BR, v 13, n 2, 2015.

WEBER, Max. Ensaios de sociologia. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1982

WOOD Jr, Thomaz. Organizações Híbridas. Revista de Administração de Empresas. v. 50 n. 2, p. 241-247, 2010.

ZILIO, Lara B; BARCELLOS, Rebeca M.R; DELLAGNELO, Eloise H.L; ASSMANN, Selvino J. Organizações contra hegemônicas e a possibilidade de redescoberta da política na modernidade: uma contribuição a partir do pensamento de Hannah Arendt. Cadernos EBAPE.BR, v. 10, n. 4, p.789–803, 2012.




DOI: https://doi.org/10.21583/2447-4851.rbeo.2022.v9n3.490

Apontamentos

  • Não há apontamentos.




 

 

 

DOI 10.21583 

eISSN: 2447-4851

Desenvolvido por:

Logomarca da Lepidus Tecnologia