COLETIVOS MIDIATIVISTAS E FACEBOOK: FORMAS DE ORGANIZAÇÃO POLÍTICA ENTRE RUAS E PLATAFORMAS DIGITAIS
Resumo
O objetivo do artigo é entender práticas desempenhadas por coletivos midiativistas com plataformas digitais caracterizando formas de organização política. A metodologia é qualitativa, com realização de observação participante e entrevistas em profundidade. Os conceitos de burocracia, plataformas digitais e movimentos sociais em rede constituem uma lente interpretativa da estrutura organizacional dos coletivos. Como resultados: a organização dos coletivos midiativistas estrutura suas práticas e é estruturada por elas; existem duas formas de organização, com e sem uma burocracia flexível; o coletivo midiativista que se estrutura com essa forma de burocracia concentrou ações. A conclusão apresenta limites e possibilidades de organização dos coletivos midiativistas com o Facebook quando este traz novas possibilidades de contrapoder e estabelece novos controles, gerando um paradoxo.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFReferências
ABERS, Rebecca; SERAFIM, Lizandra; TATAGIBA, Luciana. Repertórios de interação Estado-Sociedade em um Estado heterogêneo: a experiência na Era Lula. Dados – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v.57, n.2, p. 325-357, 2014. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0011-5258201411. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/dados/v57n2/a03v57n2.pdf. Acesso em: 15 fev. 2021.
ALCÂNTARA, Ana Roberta Vieira de. A internet e o Fórum Social Mundial: a ação política autônoma no mundo das redes. 2009. Dissertação (Mestrado em Cultura e Informação). Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27151/tde-11112009-224313/pt-br.php. Acesso em: 15 fev. 2021.
BARROS, Marcos. Digitally crafting a resistant professional identity: The case of Brazilian ‘dirty’ bloggers. Organization, v. 26, n. 6, p. 755-783, 2018. DOI: https://doi.org/10.1177/1350508418759185. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/1350508418759185. Acesso em 28 jul. 2019.
BENTES, Ivana. Estéticas insurgentes e Mídia-multidão. Linc em Revista. Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, p. 330-343, maio, 2014. Disponível em: http://revista.ibict.br/liinc/article/view/3552/3049. Acesso em: 11 fev. 2019.
BEZERRA, Arthur Coelho; GRILLO, Carolina Cristoph. Batalha nas ruas, guerra nas redes: notas sobre a cobertura midiática da violência em manifestações. Linc em Revista, Rio de Janeiro, v.10, n.1, p. 195-210, maio, 2014. Disponível em: http://revista.ibict.br/liinc/article/view/3544/3041. Acesso em: 15 fev. 2021.
BOLTANSKI, Luc & CHIAPELLO, Eve. O novo espírito do capitalismo. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
CARLOS, Euzeneia. Mudanças e continuidades no movimento de direitos humanos: padrões organizacionais, relacionais e discursivos. Opinião Pública, Campinas, v.20, n.3, p. 450-479, dez. 2014. DOI: https://doi.org/10.1590/1807-01912014203450. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/op/v20n3/0104-6276-op-20-03-00450.pdf. Acesso em: 15 fev. 2021.
CARLOS, Euzeneia. Cooperação e conflito na relação movimentos sociais e Estado. Política & Sociedade, Florianópolis, v.16, n.35, jan./abr. 2017. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-7984.2017v16n35p321. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/politica/article/view/2175-7984.2017v16n35p321/34247. Acesso em: 15 fev. 2021.
CASTAÑEDA, Marcelo. Midiativismo: tecnologias, práticas e contextos nas lutas no Rio de Janeiro. REUNIÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA, 30., 2016, João Pessoa. [Anais...] João Pessoa, Associação Brasileira de Antropologia, 2016. Disponível em: http://evento.abant.org.br/rba/30rba/files/1466541150_ARQUIVO_ABA_2016.pdf. Acesso em: 15 fev. 2021.
CASTELLS, Manuel. O poder da comunicação. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015.
FIGUEIREDO, Guilherme Gitahy de. Vamos ao baile: gingas da comunicação e da participação no zapatismo. Lua Nova, São Paulo, v.72, p. 47-82, 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/ln/n72/a03n72.pdf. Acesso em: 15 fev. 2021.
EARL, Jennifer & KIMPORT, Katrina. Digitally enabled social change: activism in the internet age. Cambridge, Massachussetts; London, England: The MIT Press, 2011.
FRAGOSO, Suely; RECUERO, Raquel; AMARAL, Adriana. Métodos de pesquisa para internet. Porto Alegre:Sulina, 2011.
FRANCO, Maria Laura Puglisi Barbosa. Análise de conteúdo. Brasília: Plano Editora, 2003.
FRYER-MOREIRA, Raffaella May. “A gente tava ali”: repensando a verdade com midiativistas no Rio de Janeiro. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social). Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016.
GRAVANTE, Tommaso; CABALLERO, Francisco Sierra. Ciudadania digital y acción coletiva en America Latina: una crítica de la mediación y apropriación social. Revista NuestrAmerica, vol. 6; n. 12, p. 79-100, jul/dez, 2018. Disponível em: http://revistanuestramerica.cl/ojs/index.php/nuestramerica/article/view/134/273. Acesso em: 20 fev. 2019.
GUIMARÃES, Lara Linhalis Linhalis. Uma revoada de entidades: o que enxameia a atuação dos streamers nas jornadas de junho de 2013?. Revista Galáxia, São Paulo, n. 36, p. 99-110, set./dez. 2017. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1982-2554232504. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-25532017000300099&lng=pt&tlng=pt. Acesso em: 28 mar. 2019.
KAVADA, Anastasia. Exploring the role of the internet in the ‘movement for alternative globalization’: The case of the Paris 2003 European Social Forum. Westminster Papers in Communication and Culture, University of Westminster, London), Vol. 2, n.1, p. 72-95, 2005. Disponível em: https://pdfs.semanticscholar.org/4588/9878cc987acb82c4972426e799ae867935a1.pdf?_ga=2.88156763.1327488125.1613421869-82764901.1613421869. Acesso em: 15 fev. 2021.
KELLNER, Douglas. Globalization, Technopolitics and Revolution. The future of revolutions. London: Zed Books, 2003.
MACEDO, Marcelo Hernandez; SILVA, Flávio da Rocha Pires; CARDOSO, Alessandra. A formação de grupos de midiativismo no Rio de Janeiro. Alceu, v.18, n.35, p. 94-113, jul./dez. 2017. Disponível em: http://revistaalceu.com.puc-rio.br/index.php/alceu/article/view/121/119. Acesso em: 15 fev. 2021.
MARIACHI. [Página no Facebook]. [S.l.], 2021. Disponível em: https://www.facebook.com/coletivomariachi/. Acesso em: 15 fev. 2021.
MÍDIA INDEPENDENTE COLETIVA (MIC). [Página no Facebook]. [S.l.], 2021. Disponível em: https://www.facebook.com/midiaindependentecoletiva/. Acesso em: 15 fev. 2019.
MÍDIA NINJA. [Página no Facebook]. [S.l.], 2021. Disponível em: https://www.facebook.com/MidiaNINJA/. Acesso em: 15 fev. 2021.
MISOCZKY, Maria Ceci; FLORES, Rafael Kruter; GOULART, Sueli. An anti-managment statement in dialogue with critical brazilian authors. RAE – Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v.55, n.2, p. 130-138, mar./abr. 2015. DOI: https://doi.org/10.1590/S0034-759020150203. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75902015000200130&lng=en&tlng=en. Acesso em: 15 fev. 2021.
MOROZOV, Evgeny. Big Tech: a ascenção dos dados e a morte da política. São Paulo: Ubu Editora, 2018.
MOROZOV, Evgeny. The tech ‘solutions’ for coronavirus take the surveillance state to the next level. The Guardian. London, 15 abr. 2020. Disponível em: https://www.theguardian.com/commentisfree/2020/apr/15/tech-coronavirus-surveilance-state-digital-disrupt. Acesso em: 10 jun. 2020.
PAES DE PAULA, Ana Paula. Tragtenberg revistado: as inexoráveis harmonias administrativas e a burocracia flexível. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 36, n. 1, p. 127-144, jan./fev. 2002. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/6431. Acesso em: 10 jul. 2019.
PUYOSA, Iria. Los movimientos sociales em red: del arranque emocional a la propagación de ideas de cambio político. Chasqui – Revista Latinoamericana de Comunicación, n. 128, abr/julio 2015. Disponível em: https://revistachasqui.org/index.php/chasqui/article/view/2311/2459. Acesso em: 15 fev. 2019.
RICH, Jessica Alexis Jolicouer. Organizing twenty-first century activism: from structure to strategy in Latin American social movements. Latin American Research Review, v.55, n.3, p. 430-444, set. 2020. DOI: http://doi.org/10.25222/larr.452. Disponível em: https://larrlasa.org/articles/10.25222/larr.452/. Acesso em 15 fev. 2021.
RODRIGUES, Carla. Capitalismo informacional, redes sociais e dispositivos móveis: hipóteses de articulação. Revista Galáxia, São Paulo, n. 20, p. 70-83, dez 2010. Disponível em: http://revistas.pucsp.br/galaxia/article/view/3133/3291. Acesso em: 13 fev. 2019.
THOMPSON, Edward Palmer. A Formação da Classe Operária Inglesa: A Árvore da Liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1987.
TILLY, Charles. Contentious repertoires in Great Britain, 1758-1834. In: TRAUGOTT, Mark (ed.). Repertoires and Cycles of Collective Action, Duke University Press, p. 15-42, 1995.
TRAGTENBERG, Mauricio. Burocracia e ideologia. São Paulo: Ática, 1974.
VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em Administração. 16 ed. São Paulo: Atlas, 2016.
XAVIER, Marcos Antonio de Moraes. Lugar, corporeidade e política: reflexões a partir do net-ativismo em redes sociais online. Geousp: Espaço e tempo, v. 20, n. 3, p. 551-567, 2016. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2016.120261. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/geousp/article/view/120261. Acesso em: 14 fev. 2019.
WELLMAN, Barry; QUAN-HAASE, Anabel; BOASE, Jeffrey; CHEN, Wenhong; HAMPTON, Keith; DÍAZ, Isabel; MIYATA, Kakuko. The social affordances of the internet for networked individualism. Journal of Computer-Mediated Communication, v. 8, n. 3, abr. 2003. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1083-6101.2003.tb00216.x. Disponível em: https://academic.oup.com/jcmc/article/8/3/JCMC834/4584288. Acesso em 17 jul. 2019.
DOI: https://doi.org/10.21583/2447-4851.rbeo.2022.v9n2.444
Apontamentos
- Não há apontamentos.
DOI 10.21583
eISSN: 2447-4851