RELAÇÕES ENTRE RACIONALIDADES NA GESTÃO ORGANIZACIONAL: UM ESTUDO DE CASO EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR (IES) EM CURITIBA
Resumo
O presente artigo tem por objetivo analisar como ocorre a relação entre a racionalidade instrumental e a racionalidade substantiva na prática discursiva organizacional. A pesquisa foi de abordagem qualitativa, com delineamento descritivo e estudo de caso em uma IES da cidade de Curitiba (PR), seguindo corte seccional, com dados coletados através de entrevistas, triangulados com observação participante e análise documental. Verificou-se a ocorrência de que tais racionalidades coexistem, se intricando em conflitos. Evidencia-se como o poder pode – e é usado – para conter, silenciar, gerenciar ou controlar tais conflitos de ações racionais. Conclui-se que tal relação ocorre de maneira a fazer coexistir as duas racionalidades; porém, o uso de poder simbólico ocorre para garantir a solução de conflitos racionais de modo a fazer com que a razão instrumental seja mascarada, dando a falsa sensação de uma inclinação para a razão substantiva, por meio de práticas discursivas.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFReferências
ANDRADE, Sílvia Patricia Cavalheiro de; TOLFO, Suzana da Rosa; DELLAGNELO, Eloise Helena Livramento. Sentidos do Trabalho e Racionalidades Instrumental e Substantiva: Interfaces entre a Administração e a Psicologia. RAC – Revista de Administração Contemporânea, v. 16, n. 2, p. 200-216, Rio de Janeiro, mar./abr. 2012.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. 4. ed. Lisboa: Edições 70, 2010.
BARREYRO, Gladys Beatriz; ROTHEN, José Carlos. “SINAES” contraditórios: considerações sobre a elaboração e implantação do sistema nacional de avaliação da educação superior. Educação & Sociedade, Especial, v. 27, n. 96, p. 955-977, Campinas, out. 2006.
BATISTA, Sueli Soares dos Santos. Teoria Crítica e teorias educacionais: Uma análise do discurso sobre educação. Educação & Sociedade, v. 21, n. 73, p. 182-205, Campinas, 2000.
BRAGA, Kátia S. Aspectos relevantes para a seleção de metodologia adequada à pesquisa social em Ciência da Informação. In: MUELLER, Suzana P. M. (Org.). Métodos para pesquisa em Ciência da Informação. Brasília: Thesaurus, 2007.
BOURDIEU, P. A economia das trocas linguísticas: o que falar quer dizer. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1996.
______. O poder simbólico. 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.
______. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 2005.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei 9.394/96. Brasília: Imprensa Oficial, Diário Oficial da União, v. 134, n. 248, 1996.
______. Institui o sistema nacional de avaliação da educação superior - SINAES e dá outras providências. Lei 10.861/04. Brasília: Imprensa Oficial, Diário Oficial da União, v. 45, n. 72, 2004.
CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000.
______. A universidade pública sob nova perspectiva. Revista Brasileira de Educação, v. 24, p. 5-15, Rio de Janeiro, 2003.
COLOSSI, Nelson. Educação superior em administração: uma concepção substantiva. Revista de Ciências da Administração, v. 1, p. 37-42, Santa Catarina, 1998.
________________; CONSENTINO, Aldo; QUEIROZ, Etty Guerra de, Mudanças no contexto do ensino superior no brasil: Uma tendência ao ensino colaborativo. Revista FAE, v. 4, n. 1, p. 49-58, Curitiba, jan./abr. 2001.
CUNHA, Maria Isabel da; FAGUNDES, Maurício Cezar Vitória. Discutindo Projetos emancipatórios no contexto da universidade pública no Brasil. Cadernos de Educação, n. 30, Pelotas, 2012.
EISENHARDT, K. M.; GRAEBNER, M. E. Theory building from cases: opportunities and challenges. Academy of Management Journal, v. 50, n. 1, p. 25-32, New York, 2007.
FAIRCLOGH, Norman. Discurso e mudança social. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2001.
FARINELLI, Clairna Andresa; MELO, Marlene Catarina de Oliveira Lopes. A gerência intermediária da IES: a coordenação de curso e o coordenador como gestor. COLÓQUIO INTERNACIONAL SOBRE GESTÃO UNIVERSITÁRIA NA AMÉRICA DO SUL, 9. Florianópolis, 2009.
GODOY, A. S. Estudo de Caso qualitativo. In: GODOI, C. K.; BANDEIRA-DE-MELO, R. SILVA, A. B. (Org.). Pesquisa qualitativa em estudos organizacionais: paradigmas, estratégias e modelos. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 115-146.
HARTLEY, J. Case study research. In: CASSEL, C.; SYMON, G. (Ed.). Essential guide to qualitative methods in organizational research. London, Thousand Oaks, CA & New Dehli: Sage Publications, 2004. p. 323-333.
IPARDES. Caderno Estatístico Município de Curitiba. Disponível em: . Acesso em: 17 mar. 2015.
INEP. Matrículas no ensino superior crescem 3,8%. Disponível em: . Acesso em: 10 jan. 2015.
LEITCH, Shirley; PALMER, Ian. Analysing texts in context: current practices and new protocols for critical discourse analysis in organization studies. Journal of Management Studies, v. 47, n. 6, p. 1194-1212, Malden, September, 2010.
LOPES, Eduardo Simonini. O sonhar emancipatório e a educação. Educação (UFSM), v. 1, n. 1, p. 125-138, Santa Catarina, 2010.
MINTZBERG, Henry. Criando organizações eficazes: estruturas em cinco configurações. São Paulo: Atlas, 1995.
MÜHL, Eldon Henrique. Violência, racionalidade instrumental e a perspectiva educacional comunicativa. Cadernos de Educação FAE/PPGE/UFPel, n. 33, p. 251-274, Pelotas, maio/ago. 2009.
PAULA, Ana Paula Paes de. Guerreiro Ramos: resgatando o pensamento de um sociólogo crítico das organizações. Organização & Sociedade, v. 14, n. 40, Belo Horizonte, jan./mar. 2007.
RAMOS, Alberto Guerreiro. A nova ciência das organizações: uma reconceituação da riqueza das nações. 2. ed. Rio de Janeiro: FGV, 1989.
ROSA, Alexandre Reis; PAÇO-CUNHA, Elcemir; MORAIS, César Augusto Tureta de. Análise crítica do discurso como análise crítica das organizações: uma proposta teórico-metodológica com base na teoria simbólica de Pierre Bourdieu. In: CARRIERI, Alexandre de Pádua (Org.). Análise do discurso em estudos organizacionais. Curitiba: Juruá, 2009. p. 79-108.
SERVA, Maurício. Racionalidade e Organizações: o fenômeno das organizações substantivas. 633f. Tese (Doutorado em Administração) EAESP/FGV, 1996.
______. A Racionalidade Substantiva demonstrada na prática administrativa. ERA – Revista de Administração de Empresas, v. 37, n. 2, p. 18-30, São Paulo, abr./jun. 1997.
SENO, J. P.; KAPPEL, L. B.; VALADÃO JÚNIOR, V. M. As percepções do professor universitário da área de gestão acerca das mudanças na educação superior: uma pesquisa com profissionais de Instituições de Ensino Privadas do Triângulo Mineiro. Gestão & Regionalidade, v. 30, n. 88, p. 49-61, São Caetano do Sul, 2014.
SPINK, Mary Jane P.; LIMA, Helena. Rigor e visibilidade: a explicitação dos passos da interpretação. In: SPINK, Mary Jane P. (Org.). Práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano: aproximações teóricas e metodológicas. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2000. p. 93-122.
STAKE, R. E. Case studies. In: DENZIN, N. K.; LINCOLN, Y. S. (Ed.). The SAGE handbook of qualitative research. 2. ed. Thousand Oaks, CA & New Dehli: Sage Publications, 2000. p. 435-454.
STOHL, Cynthia; CHENEY, George. Participatory Processes/Paradoxical Practices: Communication and the Dilemmas of Organizational Democracy. Management Communication Quarterly, v. 14, n. 3, p. 349-407, February 2001.
THIRY-CHERQUES, Hermano Roberto. Pierre Bourdieu: a teoria na prática. RAP – Revista de Administração Pública, v. 40, n. 1, p. 27-53, Rio de Janeiro, 2006.
VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Inovações e projeto político-pedagógico: uma relação regulatória ou emancipatória. Caderno CEDES, v. 23, n. 61, p. 267-281, Campinas, 2003.
WEBER, M. Rejeições religiosas do mundo: In: Ensaios de sociologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1982. p. 371-410.
YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.
DOI: https://doi.org/10.21583/2447-4851.rbeo.2019.v6n1.181
Apontamentos
- Não há apontamentos.
DOI 10.21583
eISSN: 2447-4851
Desenvolvido por:
